Não há cu que aguente

(post para maiores de 18 anos)

Estava eu aqui sossegadita a tentar curar a minha mini-depressão a ler a Bíblia, quando o meu patrão sai da casa de banho e diz assim:

_ Estive ali na casa de banho a pôr pomada na peida.

E eu, que não sabia bem, se estava em modo de delírio ou transe, virei-me para a minha colega em sinal de socorro.

Como é que isto é possível? Como é que é possível eu sentir-me uma pessoa normal, com problemas normais de uma vida normal depois de ouvir uma coisa destas?

Logo de seguida não consegui controlar o meu cérebro que entrou em modo automático, lembrei-me das coisas que passam diariamente por aqui.

No outro dia, entrou um fornecedor que tinha colocado uma placa nova. Eu que nem sequer ainda tinha olhado para ele, tive de o fazer quando me disse assim:

_ Ó você está diferente.

Levanto os olhos do monitor, e deparo-me com uns dentes andantes. Maiores que tudo o que alguma vez vi até hoje. Respiro fundo, tento controlar o riso, e começo a ficar quente, quente. Ó senhores... eu até que estava aqui metida dentro da minha vidinha, sem reparar em nada, em modo talas de burro e vem ele que renovou toda a cara dizer-me que eu estou diferente. Só cortei a franja e estiquei o cabelo. What's up?

Metade das horas que passo aqui, tenho os phones colocados, por uma questão de defesa cerebral. As coisas que eu ouço, ou as teorias que se vivem dentro destas quatro paredes exigem uma grande digestão. Eis que há uma semana o meu chefe, depois de receber um telefone móvel e um placa de internet, disse-nos que estava preocupado, porque tinha de proteger a sua linha. Não, não é manter a linha. É proteger a sua nova linha telefónica dos vizinhos que iriam passar a telefonar pela rede dele. E ele ia ver a conta telefónica engordar, devido a estes piratas ciberneticos. Ele sabe que aceder a uma linha telefónica é igual a aceder à internet wireless. Logo como o telefone é móvel... Tão a ver? É difícil de imaginar, eu sei.

Mas na verdade isto existe.

Há dias, como o de hoje, que não sei se devo chorar de tristeza, ou chorar de tanto me rir.

E é caso para dizer: Não há cu que aguente. Pelo menos, acho que foi isso que ele tentou dizer-me quando saiu da casa de banho.

(sinto eco na minha cabeça)

Diz ele ali ao telefone: Nunca ouviu dizer? Quem é desconfiado não é filho de boa gente.