segunda-feira, 29 de novembro de 2010

devagar, o tempo transforma tudo em tempo.

o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.

José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

É bom, tão bom...

P1014760

...sentirmos verdade nos gestos que praticamos diariamente.

Nonsense ficção ou ambos?

Nada neste blogue é baseado em factos reais.

(e eu sou uma tipa cheia de imaginação)

Ó puta de vida

Descobri hoje e já partilhei, que afinal eu sou uma extraterrestre. Vim ao planeta terra fazer um inventário dos tipos existentes, que habitam por aqui.
Ando um bocado à toa, pois consigo encontrar diariamente, seres inexplicáveis. Vidas aparentemente normais que se desdobram numa multiplicidade de outras vidas. Descubro vidas dentro de vidas.

Disto isto, pensando eu estar numa situação muito complicada, vejo o meu chefe que há dias só chora, raptar a minha colega para um desabafo (diz-se por ai que se tentou matar).
O meu patrão que arrancou um siso grita que não consegue estar aqui (diz-se que a namorada acabou com ele) e os outros dois seres que costumam habitar este espaço, sairam com uma régua de metal e dois sacos plásticos na mão. _ Olha toma conta da barraca.

Afinal, digam-me lá, qual é o problema de estar a viver um desgosto de amor?

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

I learned to live half alive...


And now you want me one more time

And who do you think you are?

Lembro-me tão bem

... do dia em que decidi ir a um psicólogo. Marquei e fui a uma única consulta.
Entrei, sentei-me e comecei a falar, a falar. Foram poucas as perguntas. Uma hora inteira a falar sem parar.

Sabe, é que eu não quero isto, não acredito que seja por aqui. Não acho que as coisas tenham de ser assim. Assim não faz sentido. E a minha filha... e daqui a uns anos? Como será daqui a uns anos? Mas assim não dá. Entende? Pois é, entende perfeitamente. E o resto? E tudo o resto?

E as perguntas surgiam e eu respondia. Foram 60 minutos que pareceram 5. No fim, ela olhou para o relógio e disse-me:

O tempo acabou. Já passou uma hora. Sabe uma coisa? Você tem o seu pensamento todo estruturado. Não há falhas, não há dúvidas. Não há nada de irracional em tudo o que me disse. Não precisa de um psicólogo. O que você tem é falta de coragem. E falta de coragem ninguém pode ter a vida toda.

75 euros depois saí com um carimbo a dizer: COBARDE. Conseguia imaginá-lo ali, vermelho, escarrapachado no centro da minha testa. Via-o sempre que me olhava ao espelho.

O que ela não sabe, e talvez nunca venha a saber, é que me tirou um peso de cima. Saí de lá carimbada é certo. Mas o que ela me disse, serviu-me para encher o peito de ar e mudar a minha vida.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

...

Eu, tu, ela e os bombeiros

Quando decidi ir ter contigo levei comigo o pijama e uma garrafa de vinho tinto. Isso e montes de trabalho. Missão: sobreviver a mais uma noite. Quando estamos mal e nos juntamos a alguém igual ou pior que nós, a coisa nunca pode correr muito bem. É bom despirmo-nos assim:
_ Olha tou na merda, mas tou aqui... que se foda!

Às vezes o coração esvazia-nos a cabeça. E por isso, tudo o que fazemos é muito mecanico e nada pensado. Demos por nós na rua, com tudo fechado e uma menina de dois anos de pijama ao meu colo.

_ E agora?
_ Agora?
_ Vamos arrombar a porta. Dá ai uns pontapés.
_ É pá tou de chinelos. Dá tu ... olha aproveita e pensa no que deves.

Bem, eu já andei uns anos no karaté, mas nunca dei pontapés tão fortes e bem dados. Mas a porta trancada, não ajudava.

_ Tenho aqui um escadote. Consegues subir e ver se a janela de cima está aberta?
_ Ui, tenho vertigens.
_ Eu também.
_ Fodass.
_ Pois, fodass. Vou ali chamar os bombeiros à casa da vizinha.

Vemos o carro dos bombeiros a passar muito depressa por nós e a imagem que guardo é a tua, de chinelos no meio da rua, de braços no ar.
E eu ria-me. Ai ria-me tanto. Não há ninguém que goze melhor comigo do que eu própria.

Os bombeiros deram connosco. Eles e a pessoa que tinha a outra chave de casa. Chegaram quase quase ao mesmo tempo.

Mas o giro giro, foi quando tu lhes pediste desculpa, que já tinhas solução e que já não iam precisar de portas arrombadas.
_ Desculpe lá, isto é uma situação muito complicada.

E a resposta foi:
_ Minha senhora, deixe lá isso. Amanhã já não dói tanto e os 100euros iam doer-lhe o resto do mês.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Cortei o cabelo todo...

... mas isto nada tem a ver com o post anterior.

Sou uma gaja cheia de sorte

As pessoas afivelam uma máscara, e ao cabo de alguns anos acreditam piamente que é ela o seu verdadeiro rosto. E quando a gente
lha arranca, ficam em carne viva, doridas e desesperadas, incapazes de compreender que o gesto violento foi a melhor prova de respeito que poderíamos dar.
(Miguel Torga)

Há alguns dias atrás, dei por mim dentro de uma cena hilariante. Estava num restaurante quando um homem meio torto, a andar de lado, com uma mão pendurada à cintura e outra sempre a mandar o cabelo para trás me disse: Queridáaaaaaaaa! Eu sou cabeleireiro. Corto cabelos! Deixe-me cortar o seu cabelo. Olhe, ia ficar linda linda linda linda, lindaaaaaaaaaaaaaa! E eu de queixo caído, continuei em silêncio. E ele continua: Sabe porquê? Sabe porque é que eu lhe quero cortar o cabelo? Pousa a mão no ombro de um rapaz que estava lá perto e diz: Para que gajos como este a comam. Nesse momento pensei que estava a sonhar. Que tinha uma mente maquiavélica e que ela estava a inventar toda esta cena. Até que lhe disse: Como? E ele repetiu: Sim, comer. Para a comer. Depois das últimas na minha vida, eu achei que aquele homem tinha caído do céu para me fazer rir. E rir mesmo às gargalhadas. Porque ele pensou e disse. Foi ordinário e completamente descabido (também estava bêbado), mas foi genuíno. Disse sem filtros o que lhe estava na cabeça. A rapariga que estava com ele, tentou aligeirar a situação, mas ainda a piorou. Piorar no sentido de ser absolutamente surreal. Disse-me que ele é mesmo assim, mas que era uma excelente pessoa. E nisto ele dá-lhe umas palmadinhas no rabo. Sim, ali mesmo à minha frente. Responde ela num brasileiro muito meloso: Oi, foi 12000euros mas o rabo é meu! Ainda me disse que era artista e que tinha um programa de televisão e blá, blá blá... palha que fui deixando de ouvir enquanto mudava de sala, com as lágrimas a cairem-me da cara de tanto rir.
E onde estou eu a querer chegar com esta história? À moral de "quem vê caras, não vê corações". Há outro tipo de pessoas, que de fato bem engomado, ar sério, compenetrado e honesto, mentem muito mais. Eu sempre achei e agora confirmo, que quem é desconfiado é porque não é de confiança. Que quem morre de ciúmes é porque tem medo que lhe façam o que são na verdade capazes de fazer. Desconfiar de quem jura a pés juntos pelos filhos, pais, pela própria vida, ou pelos piriquitos e afins.
O que será melhor? Um homem que diz de forma parva tudo o que pensa? Ou o outro que de tão bom comportamento esconde uma outra e obscura personalidade?
Este pensamento ocorreu-me mal deitei a cabeça na minha almofada. Que eu embora triste, sinto-me bem com o que sou. Quase que aposto, que mesmo tirando a bebida, que o homem do restaurante se sente mais leve ao deitar a cabeça na almofada, tal como eu, livre de qualquer peso na consciência e sem medo deno dia seguinte acordar com outra qualquer máscara enfiada na cara. Logo e em modo de título e conclusão: Sou uma gaja cheia de sorte!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Recados para mim

Andava eu por aqui, a fazer uma pesquisa para o meu trabalho de Cultura Visual, sobre a teoria da "troca de noivas" de Levi Strauss (coisa muito interessante, portanto...) quando o meu browser abre uma janela com o seguinte texto:

A vida é uma oportunidade, aproveite-a...
A vida é beleza, admire-a...
A vida é felicidade, deguste-a...
A vida é um sonho, torne-o realidade...
A vida é um desafio, enfrente-o...
A vida é um dever, cumpra-o...
A vida é um jogo, jogue-o...
A vida é preciosa, cuide dela...
A vida é uma riqueza, conserve-a...
A vida é amor, goze-o...
A vida é um mistério, descubra-o...
A vida é promessa, cumpra-a...
A vida é tristeza, supere-a...
A vida é um hino, cante-o...
A vida é uma luta, aceite-a...
A vida é aventura, arrisque-a...
A vida é alegria, mereça-a...
A vida é vida, defenda-a..."

Madre Teresa de Calcutá
in: Beyonde Love, pag 343

terça-feira, 16 de novembro de 2010

... Adeus!

No almoço em pleno Chiado

_ Deus só nos dá o que conseguimos suportar.

Obrigada amiga. Obrigada!

Faz-me acreditar no absurdo. Vá lá, faz-me esse favor. Faz-me acreditar em aliens, extra terrestres, num mundo cheio de conspiração. Põe por favor a imaginação a funcionar, como tu bem sabes e conta-me uma história mirabolante. Mas faz-me acreditar, por favor, que não vivi uma mentira. Que não sou assim tão parva e ingénua, que até sei que sou… mas deixa-me acreditar que sei distinguir um abraço sentido de um outro qualquer. É Novembro e tu não estás. Mentiste-me! Devolve-me a minha vida por favor. Devolve-me o som do mar e o sítio mais perfeito do Mundo. Devolve-me o sofá pequeno e sem espaço que agora parece infinitamente maior. Devolve-me o gosto pelo vazio e o sabor feliz do silêncio. Devolve-me o gosto pela cozinha. Devolve-me a música, que tu sabes que é minha e que tanta falta me faz. Devolve-me o Chiado e o meu casaco vermelho. Devolve-me a imaginação e a inspiração. Devolve-me o meu corpo. Devolve-me a ignorância que tinha do que realmente és.

Faz-me acreditar no absurdo. Vá lá, faz-me esse favor, que eu preciso de me resolver e enganar, só mais esta vez. Liberta-me, para seguir o meu caminho...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

As piadas só têm graça uma vez

Até para a maldade é preciso inteligência. Ou torna-se apenas monótona
e repetitiva. E acaba por cansar. Boring.

Mais uma para o crescimento pessoal:

Nem tudo o que parece É!
Não esperes que a tempestade passe,
Aprende a dançar na chuva...

blog

(não me recordo de onde tirei a imagem)