segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Eu, tu, ela e os bombeiros

Quando decidi ir ter contigo levei comigo o pijama e uma garrafa de vinho tinto. Isso e montes de trabalho. Missão: sobreviver a mais uma noite. Quando estamos mal e nos juntamos a alguém igual ou pior que nós, a coisa nunca pode correr muito bem. É bom despirmo-nos assim:
_ Olha tou na merda, mas tou aqui... que se foda!

Às vezes o coração esvazia-nos a cabeça. E por isso, tudo o que fazemos é muito mecanico e nada pensado. Demos por nós na rua, com tudo fechado e uma menina de dois anos de pijama ao meu colo.

_ E agora?
_ Agora?
_ Vamos arrombar a porta. Dá ai uns pontapés.
_ É pá tou de chinelos. Dá tu ... olha aproveita e pensa no que deves.

Bem, eu já andei uns anos no karaté, mas nunca dei pontapés tão fortes e bem dados. Mas a porta trancada, não ajudava.

_ Tenho aqui um escadote. Consegues subir e ver se a janela de cima está aberta?
_ Ui, tenho vertigens.
_ Eu também.
_ Fodass.
_ Pois, fodass. Vou ali chamar os bombeiros à casa da vizinha.

Vemos o carro dos bombeiros a passar muito depressa por nós e a imagem que guardo é a tua, de chinelos no meio da rua, de braços no ar.
E eu ria-me. Ai ria-me tanto. Não há ninguém que goze melhor comigo do que eu própria.

Os bombeiros deram connosco. Eles e a pessoa que tinha a outra chave de casa. Chegaram quase quase ao mesmo tempo.

Mas o giro giro, foi quando tu lhes pediste desculpa, que já tinhas solução e que já não iam precisar de portas arrombadas.
_ Desculpe lá, isto é uma situação muito complicada.

E a resposta foi:
_ Minha senhora, deixe lá isso. Amanhã já não dói tanto e os 100euros iam doer-lhe o resto do mês.

1 comentário:

  1. E hoje comprova-se a verdade verdadinha... os 100 euros custariam muito mais :)

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